
Abordagens sobre a narrativa histórica: a pesquisa e o ensino
Organizador
Dagmar Manieri
A narrativa sempre esteve associada à História, desde a Antiguidade. Nesta última fase histórica, os intelectuais que pensaram sobre a escrita da História (Tucídides, Cícero, Políbio, entre outros) tinham a consciência de que a narrativa deveria seguir alguns princípios. Nascia o campo da História, não como ciência (a denominada episteme grega), mas como um saber que preserva os grandes feitos do esquecimento (Cf. Heródoto). A História ao ser produzida segundo esses princípios refletia, de forma fiel, os acontecimentos. Por isso nessas primeiras produções de valor, o realismo era o sinal de que o historiador havia conseguido seu objetivo.
Na era moderna, especialmente após o século XVIII, ocorre uma transformação importante na concepção sobre a narrativa histórica. Surge a consciência de que no conhecimento (produzido pelo historiador) há a presença de elementos do sujeito epistêmico. Aqui se presencia os efeitos do kantismo que afirma a imanência dos transcendentais no conhecer. Desde então, o conhecer da História é problematizado não no sentido do realismo, mas de uma objetividade que é específica ao campo da História.
Em nossos dias o debate sobre a natureza linguística da História não mais incomoda. Desde as reflexões de Hayden White e Paul Ricoeur, a dimensão linguística da História adquiriu uma real importância. Os historiadores não concebem mais a linguagem como um meio neutro; a “virada linguística” nos mostrou que a narrativa tem o poder de gerar significado. Assim, o campo da História adquiriu mais um princípio: a narrativa deve ser pensada como uma forma de potência que está presente no conhecimento produzido.











