As ligas camponesas sob a mira dos Estados Unidos – ou como a guerra fria chegou ao nordeste do Brasil
Pedro Carvalho Oliveira
No começo dos anos 1960, a América Latina era um barril de pólvora pronto para explodir. A Revolução Cubana jogou combustível sobre as tensões da Guerra Fria. As disputas entre os EUA e a URSS se tornaram ainda mais dramáticas e perigosas quando os revolucionários liderados por Fidel Castro não apenas derrotaram as investidas estadunidenses contra o novo regime, como posteriormente também se alinharam a Moscou, tornando o socialismo uma realidade na vizinhança da potência norte-americana. Em meio a isso, crescia o receio do bloco capitalista de que Cuba se tornasse um exemplo a ser seguido por outros países do continente, onde condições estruturais semelhantes à da ilha caribenha eram predominantes. Por isso, o governo John F. Kennedy lançou a Aliança para o Progresso, ambicioso programa de ajuda externa cujo propósito era trazer as nações latino-americanas para o escopo de influência de Washington. Em meio a isso, os EUA descobrem o Nordeste do Brasil, onde um movimento chamado Ligas Camponesas se alastrava vastamente. A partir de então, os estadunidenses buscaram, incansavelmente, evitar que os camponeses organizados promovessem uma revolução no país mais importante entre os aliados do "Grande Irmão do Norte". Assim, a Guerra Fria chegava ao Nordeste brasileiro.










