
Apontamentos sobre a teoria marxiana do dinheiro
Fabiano J. A. Santos
A teoria marxiana do dinheiro apesar de não ser – e não poder ser – separada da teoria do capital, serve, no entanto, como uma interessante demonstração do alcance e profundidade da crítica da economia política, tal como proposta de modo revolucionário por Marx. Essa compreensão, que norteia um estudo infelizmente inacabado do marxista russo Isaak Rubin, apenas muito recentemente publicado no Brasil, serve também como ponto de partida da investigação aqui proposta.
Longe de qualquer pretensão de um estudo aprofundado sobre o tema, o que propomos aqui são apenas, como o próprio título explicita, apontamentos. Estes, no entanto, hão de ser úteis como ponto de partida para estudiosos e interessados nas contribuições do revolucionário alemão quanto a questões que vão da natureza do dinheiro até a complexidade da finança capitalista – esta, passando por profundas transformações na segunda metade do século XIX; ainda que já bastante desenvolvida quando do lançamento do primeiro tomo de O capital, único lançado com Marx ainda vivo.
Nessa investigação, portanto, a muitas vezes banalizada incontornável relação entre mercadoria e dinheiro ganha complexidade até se chegar à evidência da indissociabilidade entre produção e circulação, num esforço teórico que só pode ser plenamente compreendido quando categorias fundamentais como totalidade, dialética e luta de classes ganham o necessário destaque. Só então as inversões próprias à lógica do valor em seu evolver podem ser devidamente apreciadas, reafirmando a importância a temas como o das crises inerentes ao próprio funcionamento do sistema, o papel na dívida pública na sua sustentação ou dando a precisa dimensão do tamanho do equívoco de concepções como a que entende o hoje superdesenvolvimento da finança capitalista como uma “anomalia”.
