O sujeito estético: o percurso da mímesis
Dagmar Manieri
Em O sujeito estético abordamos a mímesis através de duas perspectivas. A primeira de ordem diacrônica que requer a utilização da categoria de paradigma. Tal abordagem implica – daí a importância desta categoria – em uma temporalidade de longa duração. Neste percurso se verifica dois paradigmas: o antigo e o contemporâneo. Quem realiza a virada mimética é Friedrich Nietzsche, na segunda metade do século XIX. É desta forma que ocorreu a composição dos capítulos desta obra. Se há nesta composição a presença do mercado cultural, isto se explica pela necessidade do contraponto à boa arte contemporânea. Na expressão de Theodor Adorno, a indústria cultural deve ser pensada como instante na qual a arte é subsumida pelos valores de mercado. A grande obra de arte se diferencia (de produções impregnadas de valores estranhos) pela presença da mímesis; por isso temos que ter a consciência dos efeitos estéticos da referida obra. Não mais como no paradigma antigo no qual se anseia por um sujeito adaptado ao mundo social; no novo paradigma há o ideal de um ser autônomo capaz de vigorar sua própria concepção de mundo através da arte. Neste ponto específico pode-se dar o exemplo do artista Vincent Van Gogh. Ele extrai da natureza a beleza que o deslumbra; por outro lado, o pintor vê o mundo empírico através da mediação da arte. Van Gogh se dirige ao campo e neste lugar se sente feliz, distante de Paris e dos grandes centros urbanos. No campo há pessoas simples. Para vivificar esses personagens da vida real deve-se ser “paciente” e perceber “tudo o que essas pessoas têm de Millet [pintor]”. Ou seja, esses tipos sociais (do campo) se tornam interessantes através da pintura de Millet.