A atenção na cognição inventiva: entre o cuidado e o controle

O livro de Virgínia Kastrup e Luciana Caliman é rico, claro e importante, a começar pelo seu título. A polaridade que estrutura o subtítulo é primeiramente política: todos os discursos voltados para as questões atencionais oscilam entre uma promessa de cuidado e vigília—benevolência, disponibilidade, preocupação—e uma ameaça de controle e vigilância—dominação, exploração, opressão. A segunda polaridade que dinamiza o título desta obra é mais discreta, mas igualmente importante. A bela expressão “cognição inventiva” é como um vulcão, tão potente quanto explosivo. Este livro traz uma riqueza de reflexões sobre os nossos próprios comportamentos atencionais e nos convida a cultivar a boa vigília, o bom cuidado, a vigília cuidadosa, o cuidado vigilante (bien-veiller): vigiar/cuidar com o outro, nos distanciando um pouco de nós mesmos através dos coletivos que formamos juntos, mas nos mantendo ligados uns nos outros por meio do nosso chão comum.