O intercultural migrante: teorias & análises
Mohammed ElHajji
O professor, feito brasileiro à custa de muito amor à vida em comum, é um perfeito exemplo de seu próprio objeto de estudo: a transumância. Certo, a palavra existe sem frequência em português, mas ele próprio a empregou várias vezes em artigos, com o pensamento ancorado na terminologia francesa corrente. Transumância é simplesmente o mesmo que migração, apenas com uma conotação mais existencial do que se registra burocraticamente nos processos de deslocamento populacionais. No texto que se segue, ElHajji ratifica a sua proposição teórica básica, isto é, a percepção do fato migratório não como algo anormal, mas como fator estrutural na formação do gênero humano. A migração seria a diáspora semeadora de novas possibilidades de vida na realidade nacional e transnacional. A perspectiva metodológica é, assim, a da interculturalidade, em outros termos, o despertar teórico da sensibilidade ao diálogo das civilizações. Um diálogo certamente sem palavras, mas efetivo em ação, quando se examinam de perto as transformações sutis na composição demográfica das nações, trazidas pelo fluxo migratório. Daí falar ElHajji em “formação” do gênero humano, mas que também se poderia designar como reformatação humana.