Conhecendo John Rawls: um dicionário para Uma Teoria da Justiça e O Liberalismo Político

Toda teoria carrega consigo um complexo de relações sociais e a influência de distintas formas de conceber a realidade. Negar tal complexo implicaria correr o risco, sempre latente, de naturalizar os processos de produção e transformação de saberes. Igualmente, é preciso ter em conta que nenhuma teoria é axiologicamente neutra, seja no que concerne à escolha de seu objeto de pesquisa, seja mesmo na definição de sua metodologia como um todo. Há sempre, subjacente a qualquer ato de conhecimento, uma tomada de posição valorativa. Isso envolve, inclusive, a escolha dos instrumentos linguísticos por meio dos quais se exterioriza determinada concepção teórica. Isto é, os termos e expressões utilizados por certo(a) autor(a) abarcam polissemias, conotações epistemológicas e políticas, bem como implicações sociais em sentido amplo. Tendo em mente esse pressuposto, a ideia de construir uma coletânea em formato de dicionário é sempre um esforço de mediação e de hermenêutica. E mais: trata-se de um empreendimento coletivo, que passa por distintos olhares e processos interpretativos. Como toda mediação, o contato entre a teoria e o que pensamos extrair dela não é unívoco nem aprioristicamente dado. Pelo contrário, envolve uma série de elementos próprios do plano social: complexidades, contradições, experiências e subjetividades. Portanto, ao invés de pretender uma espécie de espelho entre teoria, realidade e a leitura que se faz delas, a proposta desse livro parte de premissa diversa: levantar problemas, inquietações e pluralidades interpretativas.