Múltiplas possibilidades da História Oral
Organizadoras
Claudia Musa Fay
Giselle Hertz Perna
Priscila Ervin Saval
A oralidade está intimamente ligada aos processos da memória. Todavia, sua utilização enquanto mecanismo metodológico como parte de um construto documental histórico foi, durante tempos, posta em questionamento. Por pautar-se em reminiscências subjetivas de indivíduos, teve sua veracidade posta em cheque. Ao utilizar-se das narrativas coletivas e individuais, muitos historiadores ligados à História tradicional criticaram a História Oral por estar sujeita a interferências falíveis e fantasiosas. Mas qual fonte histórica não pode conter incertezas e ambiguidades? É importante lembrar que, ao trabalhar com depoimentos orais, o historiador está adentrando em um ambiente movediço e subjetivo, próprio das memórias produzidas pelo cérebro humano. As narrativas orais são interpretações do passado sob a perspectiva de um sujeito e estão intrinsecamente relacionadas às questões sociais, nas quais este sujeito se insere. Considerando a carga de subjetividade presente nos relatos, o pesquisador não deve se ater apenas à narrativa, mas também aos elementos que circulam o ato da fala, ou seja, buscar identificar sentimentos e emoções evocados pelo indivíduo no decorrer da entrevista. Embora o homem, enquanto ser social, compartilhe suas experiências com os demais indivíduos, seus relatos apresentam vestígios de sua individualidade.