“Cajá está sendo torturado e você vai à aula?” – 2ª Edição
Evson Malaquias de Moraes Santos
Neide Carolina Andrade Piornedo
Vinicius Borges de Medeiros
Este trabalho de Evson se distingue das reconstituições jornalísticas ou meramente descritivas porque ele apresenta os pressupostos teórico-metodológicos de sua escrita. Assim, não é um mero trabalho memorialístico ou apologético ou panfletário. Trata-se de uma obra que se vincula ao gênero da historiografia da repressão política e das resistências democráticas dos jovens estudantes e seus aliados contra o arbítrio, a violência, o obscurantismo daqueles que cometeram crimes contra os direitos humanos e as liberdades democráticas. Como trabalho que utiliza fartamente os arquivos da repressão (além da grande imprensa, arquivos particulares e entrevistas), naturalmente o autor tinha que se munir de uma metodologia crítica, desconstrutiva (análise do discurso de linha francesa) e que adotasse um desvio crítico em relação ao conteúdo dos atos discursivos e retóricos dos agentes históricos. E procurou fazê-lo. Evson – há muito tempo – trabalha com a visão de imaginário de Cornelius Castoriadis, sobretudo com a dimensão instituinte do imaginário social, diferentemente da dimensão manipulatória e alienante de certas versões desse conceito. A ideia-chave que o imaginário cria não só engana ou oculta, mas é muito importante em sua análise ligada à subjetividade dos atores políticos. Nesse ponto, a linguagem, os atos retóricos e discursivos são muito importantes. Daí a análise crítica dos discursos oficiais, policiais e militares, da imprensa, dos professores e dos militantes.
Michel Zaidan Filho - Professor Titular de História UFPE