As ideias filosóficas de Antônio Pedro de Figueiredo (1814? – 1859)
Paulo Roberto Margutti Pinto
Como citar este verbete:
MARGUTTI PINTO, Paulo Roberto, “As ideias filosóficas de Antônio Pedro de Figueiredo (1814? – 1859)” (última versão de outubro de 2024), Enciclopédia da Filosofia Brasileira, editada pelo Grupo de Trabalho em Pensamento Filosófico Brasileiro. Disponível em <https://www.editorafi.org/enciclopedia-da-filosofia-brasileira> DOI https://dx.doi.org/10.22350/2023efb
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Para efeito de maior claridade, a leitura desse verbete deve complemen-tada pela leitura do verbete sobre As ideias filosóficas do Misterioso O, em virtude de questões ligadas à autoria de artigos na revista O Progresso. Antônio Pedro de Figueiredo, autor estudado no presente verbete, nasceu em Igaraçu, na Província de Pernambuco. Era mulato e de origem humilde. Com base em uma promessa de auxílio de um amigo, mudou-se para Recife. O amigo, porém, não cumpriu a promessa e o abandonou. Conseguiu então abrigo no Convento do Carmo, onde encontrou condições para estudar humanidades por conta própria, tendo inclusive aprendido francês como autodidata. Era brilhante, mas teve de contentar-se com o autodidatismo. Embora não tivesse título acadêmico, era respeitado pelos amigos por sua cultura.
Em 1844, caiu nas graças de Francis-co do Rego Barros, no início Barão e depois Conde da Boa Vista, que era conservador e presidente da província de Pernambuco na época. Graças a isso, foi nomeado professor adjunto do Liceu Provincial provavelmente aos 30 anos de idade, tendo ali lecionado geometria, português, geografia e história. Foi tam-bém por diversas vezes examinador do curso preparatório, anexo à Faculdade de Recife. Sua situação mudou por ocasião da mudança de Presidente da Província, em 1846, quando o liberal Antonio Chi-chorro da Gama, membro do Partido da Praia, assumiu o poder em Pernambuco.
Nessa ocasião, Figueiredo criou, com mais três amigos, O Progresso, uma re-vista social, política, literária e científica, destinada a despertar a opinião pública a respeito das necessidades do país e dos desmandos do governo praieiro. Um desses três amigos de Figueiredo era o engenheiro francês Louis Verger Vau-thier, contratado pelo Presidente da Pro-víncia para realizar obras em Pernam-buco. Vauthier era adepto do socialismo utópico de Fourier e transmitiu a seus amigos intelectuais brasileiros os funda-mentos dessa doutrina. Ele chegou mês-mo a publicar alguns artigos em O Pro-gresso. Quanto a essa revista, em 23 de maio de 1846, Figueiredo publicou no Diário de Pernambuco uma notícia so-bre a criação da mesma, enfatizando o espírito inovador da publicação e infor-mando sobre o preço e a periodicidade. Ofereceu inclusive uma lista...









