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Razão & Verdade:
entre o alvorecer antigo e o crepúsculo moderno - volume 1

André Correia; Matheus Gadelha; Ray Renan; Wesley Rennyer (Orgs.)

O livro ocasiona a temática Razão e Verdade sob os vieses antigo e moderno. Nessa articulação, razão e verdade se entrecruzam, devido ao caráter próprio de cada uma relativamente à outra. Dizer em que consiste a razão implica dizer a verdade que é fundamento do próprio dizer e que é, ela mesma, a própria razão enquanto o pensar a realidade das coisas. A abordagem desse tema, no que concerne à proposta do livro, consiste em mostrar, a partir da Antiguidade e da Modernidade, vieses distintos que tratem do conteúdo em questão. O elo entre esses períodos distintos da filosofia mostrar-se-á, por sua vez, não necessariamente a partir de um autor moderno lidando diretamente com o pensamento de um autor antigo, mas tão-só a partir dos próprios pensadores, antigos e modernos, lidando com os problemas próprios de sua época. Esses problemas dizem, pois, o conteúdo em questão – razão e verdade –, que há de se mostrar sempre como o mesmo, mas em seu movimento de diferenciação. Mesmo e diferenciação evocam, assim, aquilo que há de essencial e que atravessa passado, presente e futuro, de modo a constituir uma unidade na multiplicidade. Sob essa perspectiva, é-nos pertinente lembrar aquilo que Sêneca escrevera na décima segunda carta a Lucílio: “Tudo quanto é verdade, pertence-me” . Com essa propositura, o autor quer nos chamar a atenção para o conteúdo da verdade, que, enquanto tal, atravessa a história de um tal modo, que não pertence a homem algum, ao mesmo tempo em que pertence a todo homem.  O subtítulo, Entre o alvorecer antigo e o crepúsculo moderno, não está provido de axiologia ou hierarquia entre os períodos, antes acentua a circularidade que os perpassa, uma vez que a designação Antiguidade viera à luz unicamente por intermédio da Modernidade, a qual, enquanto exigência incipiente de identidade, voltara-se aos primórdios de sua tradição, a fim de, nesse retorno, pôr-se a caminho de sua destinação própria. Trata-se de um retornar ao que há de originário e de original na experiência antiga, para assim despertar a tautocronia de identidade e diferença no seio mesmo do moderno. É o que nos diz Winckelmann, ao afirmar que “o único caminho para nos tornarmos grandes e, se possível, inimitáveis é a imitação dos antigos” . A alvorada de toda emergência requer uma consumação crepuscular para o seu próprio crescimento e intensificação, de modo que a natividade antiga só se deixa ver a partir de seu acabamento de tensão, ou seja, de um modelo configurado que se dispõe e se impõe à medida que atende ao convite de uma possibilidade, de um modo de ser original, não dado. O que o moderno apreende de original no antigo é justamente o originário enquanto convite de um próprio, donde que seguir e acompanhar a alvorada antiga significa encaminhar-se ao seu ocaso, e, destarte, se enraizar no sem-modelo que seu modelo expõe. O exemplo dos antigos acomete os modernos como uma necessidade de desligamento e amparo, à guisa de uma herança que só é concedida e merecida com o aval de imediato esvaziamento, sob pena de acúmulo e repetição.

ISBN: 978-85-5696-740-4

Nº de pág.: 302

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