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Crônico

Pedro Henrique Magalhães Queiroz

O analista futuro terá que se ver, por fim, com o ritmo e o estilo de Pedro (que parece dever muito a O Anti-Quiprocó), com a ironia que se autoanula diante da gravidade dos gigantescos problemas que o pensamento enfrenta sem pestanejar (um “Dom Quixote contra o valor”). E também por isso as remissões e contínuas reformulações, como se o pensamento fosse comendo os problemas pelas bordas, sem deixar de arriscar, volta e meia, de lhes dizer umas verdades bem nuas, como o fato de estarmos “além do estado crônico”, precisando de um respirador para nos mantermos vivos. E, se isso fosse um prefácio, teríamos, no mínimo, que continuar ruminando sobre esse além do estado crônico, pois se plenamente crônicos já são, simultaneamente, a duração de nossa comorbidade coletiva terminal interminável e seus relatos, um além do estado crônico tem que ser também a deriva positiva e orgânica das formigas, dos rios, das montanhas, dos nativos, vaticinada aqui e ali pelo nosso cronista atônito. Essa deriva apresenta-se, dialeticamente, no próprio enredo narrativo crônico. É a palavra que, como lembra Pedro, é sopro, aposta, alento. Esforço da paleta que compensa.

Filipe Ceppas

 

Nº de pág.: 72

ISBN: 978-65-5917-266-5

DOI: 10.22350/9786559172665

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