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Povos originários e comunidades tradicionais, vol 4, 5 e 6: trabalhos de pesquisa e de extensão universitária

Alceu Zoia; Alexandre de C. Campos; Bruno R. Carvalho Pires; Celenita G. P. Bernieri; Fábio B. Gamba; Gilson Porto Jr.; Lamounier E. Villela; Leila A. Baptaglin; Nelson R. de Moraes; Raoni F. Azerêdo; Renato D. Baptista; Sandro B. Sguarezi; Valquíria C. Martins; Vilso Júnior C. Santi (Orgs.)

Com respeito aos povos originários assim como das comunidades tradicionais, aqui salientaremos a sua importância organizacional enquanto processo produtivo uma vez que as suas maneiras de “gerenciar” a sua produção até os dias de hoje, aproxima-se do significado de experiências pré-capitalistas (neste prefácio não estabeleceremos quando inicia ou termina este tipo de experiência). Como sabemos, sem nos alongarmos, a institucionalidade capitalista tem como determinante o lucro alcançado em processos competitivos de mercado. Portanto, a competição não só promove o conflito de interesses como, principalmente, a exclusão do outro. Este outro significando não só o agente econômico concorrente, mas, também, a força de trabalho quando ela é julgada não mais necessária no processo produtivo. Por sua vez, a organização do processo produtivo de orientação pré-capitalista não tem como determinante o ganho auferido durante uma operação comercial ou no exercício de uma atividade econômica. A maneira de fazer com que o processo produtivo produza bens ou utilidades para satisfazer as necessidades de dada comunidade, é comunitário portanto, orgânico e com viés participativo no qual o outro está incluído.

Dr. Fernando Guilherme Tenório

Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas Fundação Getúlio Vargas - FGV

Nº de pág.: 279

ISBN: 978-65-5917-047-0

DOI: 10.22350/9786559170470

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Não tem sido missão fácil (aliás, como nunca foi!) para estes coletivos lidar com tantos agravos proferidos aos seus territórios sagrados tomados de água pura, florestas imensas, rios caudalosos, sertões floridos, lagos, mares e manguezais com toda sorte de peixes, frutos e outros alimentos gerados pela natureza dadivosa. Tais territórios são fundamentais para a reprodução de seus modos de vida, os distinguindo daqueles que enxergam na natureza a fonte do lucro, das commodities. Não podemos apagar de nossa memória o deflagrado “Dia do Fogo”, que levou abaixo grandes extensões de matas no bioma Amazônia, como nunca se viu nesta Terra Brasilis. E o Pantanal? O que fizeram com ele? Incêndios e destruição planejada nada têm a ver com as queimadas praticadas pelos povos indígenas, camponeses e comunidades tradicionais, como quiseram, de maneira vil, incriminar estes grupos sociais. As queimadas, como práticas antigas das comunidades camponesas e povos tradicionais, são conduzidas a partir de princípios que respeitam o ciclo da natureza e têm como fundamento maior a produção de alimentos para a sustentação de suas famílias. Não bastasse essa constatação de terra arrasada pelo fogo, temos que suportar (o insuportável) as instituições e a ciência do país serem desqualificados pelos impropérios daquele que se diz chefe de Estado. Para completar este cenário deplorável, veio a pandemia da covid-19, fazendo tombar anciãos, mulheres e homens, deixando um vazio tremendo entre suas comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de outros grupos sociais. Com estes se foram tantos saberes, histórias...

 

Dr. Flávio Bezerra Barros

Nº de pág.: 236

ISBN: 978-65-5917-048-7

DOI: 10.22350/9786559170487

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A água batia no casco do catamarã, em um movimento que, ao mesmo tempo que levantava a embarcação, vertia em ondas a espuma branca do rio. Impacto e propagação. Horizonte, horizonte, na imensidão desta vida que era minha desconhecida, onde “os rios são ruas”, como muito pertinentemente estampa a frase no terminal hidroviário de Belém, letra de música... A relação tão visceral com a terra, com a água, as riquezas naturais, e o instinto de sobrevivência em torno deste vínculo, mudaram radicalmente minha percepção do que é o Brasil. Essa viagem, que me levou ao Norte, aconteceu em fevereiro deste ano, pouco antes do mundo sucumbir diante da pandemia. “Aqui é inverno”, repetia, para minha incredulidade, a senhora dona da pousada, onde me encontrava sozinha em plena estação das chuvas, e onde vivi um dos momentos mais mágicos da minha vida. A percepção concreta da dimensão profundamente exuberante e desigual deste país. O encontro do rio e do oceano, na Ilha do Marajó, diante de uma faixa continental de areia e solitude: a força insuperável da natureza! Ao compreender, respeito à origem, à ancestralidade, à simplicidade daquilo que pode nos sustentar, sem tanto pedir. Contraditoriamente, a ameaça sobre nossos ativos mais preciosos, plenos em biodiversidade, mostra-se ainda mais grave, diante de um vírus que obriga o mundo a rever hábitos. De consumo, de convivência, de relações. A rever planos, de um futuro que parece distante. No Brasil da fortuna e miséria, esta revisão não foi feita oficialmente, entretanto, comunitariamente sentimos as consequências. Não custa lembrar, por outro lado, que, para as visões revolucionárias, crise pode ser sinônimo da ruína de um modelo para o surgimento do novo.

 

Carine Felkl Prevedello

Nº de pág.: 271

ISBN: 978-65-5917-049-4

DOI: 10.22350/9786559170494

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