Discursos sobre o clima do nordeste brasileiro: educação, consensos e produção de sentidos
Livia Dias de Azevedo
A região Nordeste do Brasil se constitui como um acontecimento discursivo. Os sentidos históricos e geográficos atribuídos a esta região giram em torno, basicamente, da falta ou escassez das chuvas e da veiculada dependência política, tecnológica, cultural, educacional e financeira dos grandes centros da região Sudeste. Esses são discursos que circulam por diferentes espaços-tempos escolares, científicos e midiáticos. À vista disso, esta tese pretende compreender os efeitos de sentidos sobre o clima da região Nordeste do Brasil produzidos a partir de um conjunto de questões dissertativas das provas de Geografia dos exames vestibulares da Unicamp de 1987 a 2016, a partir dos aportes fornecidos pela Análise de Discurso franco-brasileira. Propomos a seguinte pergunta para conduzir as análises: qual o funcionamento discursivo do tema clima do Nordeste em questões de Geografia do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp )? Ou dito de outra forma: quais os efeitos de sentidos produzidos por essas questões quando relacionadas a outras textualidades? A estrutura teóricometodológica se sustenta, basicamente, em Michel Pêcheux, Eni Orlandi, Jean Jacques Courtine, Suzy Lagazzi, dentre outros. Durval Muniz Albuquerque Júnior e Iná de Castro foram importantes interlocutores, na História e na Geografia, respectivamente. Através das análises foi possível identificar que a noção de "falta" atravessa todas as questões sobre a região Nordeste. Falta tudo ou quase tudo: água, comida, saúde, trabalho, educação, civilização, desenvolvimento, tecnologia.