A municipalização tutelada das aulas comunitárias rurais: o caso de Jaguari/RS
Rackel Ferreira da Fonseca Tambara
O trabalho consiste em identificar e analisar a contribuição do ensino nas escolas comunitárias rurais de imigração para a educação primária, mediante o estudo do caso de Jaguari. O processo de municipalização tutelada na última ex-colônia oficial de imigração está relacionado ao modelo de reoficialização da educação pelo Estado, iniciado após a primeira guerra mundial e intensificado nas décadas de 1920 e 1930. O período é marcado por uma espécie de preparação institucional que permeia a educação, na fase anterior à política de nacionalização do ensino que viria nos anos seguintes ao recorte ora delimitado, de 1921 a 1936. Este processo leva à perda da centralidade dos professores comunitários e sua absorção ou substituição pelos professores estaduais e municipais. Nessa transição de uma educação desoficializada para uma educação oficializada, viria à tona a permanência de um fenômeno existente desde o Império: o coronelismo. Trazemos aqui o conceito de cultura escolar para refletir sobre o papel dos professores destas escolas, bem como identificar a atuação e interferência de outros atores fora da escola, notadamente na intersecção da prática escolar com a política oficial de governo para a educação primária. É também nosso propósito explorar e clarificar questões que emergem das pesquisas. É o caso do fenômeno peculiar da escola comunitária rural, bem como do uso da diferenciação salarial nas transferências compulsórias de professores das aulas de dupla subvenção como instrumento de controle pelo poder público municipal. Merecem especial atenção as consequências da nacionalização do ensino, notadamente quanto à maneira pela qual as comunidades rurais de imigrantes reagem e/ou adaptam-se a tais mudanças.