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Outras histórias da negritude em Curitiba: volume 3

Páginas

200

ISBN 

978-65-5917-628-1

DOI 

10.22350/9786559176281

Outras histórias da negritude em Curitiba: volume 3

Organizadora

Ana Crhistina Vanali (Org.)

Outras histórias da negritude em Curitiba – Volume 3, soma-se aos outros volumes dessa publicação: Os nomes da placa: a história e as histórias do monumento à Colônia afro-brasileira de Curitiba e Para além da placa: outras histórias da negritude em Curitiba, tendo uma importante tarefa: contar sob uma outra ótica a narrativa dessa cidade – que se orgulha de ser conhecida como a Europa do Brasil e que, durante séculos, forjou (e desde o seu mito fundador, forja) sua história omitindo a contribuição das populações indígenas e negras em sua formação. A Curitiba idealizada e cosmopolita, tão propagada pela mídia nacional e internacional, principalmente entre as décadas de 1970 e 1990, com os slogans “cidade modelo”, “cidade ecológica”, “união de etnias”, entre outros, enquanto, falaciosamente, passou a ideia de um lugar perfeito para se viver, mascarrou uma realidade que não confirmava essa versão. Hoje, a maioria da população autodeclarada negra reside nas regiões mais afastadas do centro da cidade e com menos acesso a equipamentos públicos de educação, cultura, lazer, saúde e segurança. Simbolicamente, esse dado se reproduz por meio da valorização seletiva, por esse nexo, não só as populações, mas a história da população negra e indígena é escondida do centro. A valorização de algumas etnias aparece em pontos estratégicos da cidade, como o Bosque do Alemão, o Bosque do Papa, entre outros. Enquanto o Parque Tingui, que homenageia uma personalidade indígena, tem uma boa localização, na região norte da cidade, mas abriga em seu interior o Memorial Ucraniano. E a Praça Zumbi dos Palmares, homenagem à cultura afro-brasileira está localizada na região sul da cidade, distante do centro. Este volume contribui com o resgate de personagens e fatos menosprezados pela perspectiva hegemônica, por meio da reconstituição de biografias pessoais, da história de movimentos e instituições ligadas à cultura afro-brasileira em Curitiba. Além disso, evidencia estratégias de resistência, (pessoais e coletivas), mobilizadas para se adequar a esse contexto histórico e social que reproduz a lógica racista brasileira de maneira tão peculiar como acontece nessa cidade. Esta potente publicação tem um papel fundamental na desconstrução da imagem heroica que o próprio colonizador produziu sobre si e numa percepção da história e da cidade que não corresponde à realidade. Esta perspectiva contra hegemônica enfatiza, ainda, a solidariedade e a resistência que são materializadas através da APRONEGRO - Associação Cultural Beneficente da Raça Negra, com esforço de escrever e disseminar as verdadeiras causas e consequências de instrumentos legislativos como a lei do ventre livre, a lei do sexagenário e lei da abolição, por exemplo. Aqui é evidenciada a ausência de políticas de reparação e integração à sociedade nos pós abolição, a construção de estereótipos negativos e a exclusão formal e informal das pessoas negras do trabalho remunerado, da educação, da posse de terras. A obra é finalizada de maneira grandiosa, mostrando a ascensão de uma mulher negra, que consegue se tornar a primeira mulher delegada numa sociedade racista, classista e patriarcal. Esta é uma obra necessária e leitura obrigatória para todas e todos que queiram abandonar a cegueira hegemônica e ver, por fim, a cidade modelo a partir dos nossos olhos. - Marcia Cristina dos Santos

Outras histórias da negritude em Curitiba: volume 3
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