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Flaubert e Marx: modernidade literária e revolução na França

Dagmar Manieri; Kesse D. V. Cardoso

Nasce no campo marxista um modelo interpretativo que, de certa forma, rejeita a radicalidade de Gustave Flaubert. Em Lukács, particularmente, há uma objeção ante a modernidade literária; nesta, segundo ele, não há mais personagens que comportam a “plenitude” do mundo histórico. No pós-1848 surge uma crise no realismo. Por isso essa segunda metade do século XIX francês “as ideologias da burguesia (...) não são mais as ideologias dominantes de toda a época, mas ideologias de classe, em sentido muito mais estrito”, na acepção de Lukács. É como se houvesse o desaparecimento da objetividade (histórica); Lukács comenta que nesta fase pós-1848 a “subjetividade (...) vagueia livremente”. Gustave Flaubert será interpretado por Lukács neste modelo que rejeita a radicalidade da modernidade literária. Flaubert e Marx: modernidade literária e revolução na França procura mostrar outra leitura de Flaubert. Amparando-se em autores que promovem uma renovada interpretação da modernidade literária – como Adorno, Benjamin, Löwy e Rancière - , esta obra indica que Flaubert, particularmente em A educação sentimental, apresenta uma verdadeira “força produtiva estética”, nas palavras de Adorno. Flaubert rejeita os valores de mercado que ameaçam o campo da produção cultural. Esta obra se interroga sobre a forma de modernidade que ocorre em Gustave Flaubert. Questão problemática, mas ao mesmo tempo fecunda, pois em torno de Flaubert há uma ideia (ou mito) que se reproduz, principalmente nos intelectuais de cultura marxista. Ela pode ser encontrada em David Harvey, por exemplo, que ao comentar sobre Flaubert em Paris, capital da modernidade, afirma que ele “escrevia com um bisturi analítico (...) para produzir uma estética positivista, em que a cidade é apresentada como uma obra de arte estática”.  Nosso trabalho procura-se romper com essa ideia ao mostrar um Flaubert (A educação sentimental, principalmente) radical e adotando a modernidade literária como perspectiva crítica ante o capitalismo.

ISBN: 978-85-5696-732-9

Nº de pág.: 176

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