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Imprensa periódica e a construção da identidade Oriental 

(Província Cisplatina - 1821-1828)

Murillo Dias Winter

O período histórico iniciado com a dissolução dos laços coloniais e as consequentes revoluções de independências no continente americano foi de transformação das estruturas de poder e do surgimento de novas formas de administração estatal e identificação local, processo tomado, geralmente, a partir do conceito de nação. Naqueles anos de fluidez das relações políticas e identitárias, diversos grupos disputaram a liderança do processo, divididos entre cidades, províncias e domínios antes determinados pela ocupação colonial da Espanha e de Portugal. Na Banda Oriental, ponto de interseção entre os antigos domínios portugueses e espanhóis na América, a situação transformou-se a partir da efetivação da dominação luso-americana na região com a criação da Província Cisplatina (1821-1828). Periodo que abarca o Congresso Cisplatino (1821) até a Convenção Preliminar de Paz (1828). Um dos elementos fundamentais das disputas era a imprensa periódica, em ebulição e vertiginoso crescimento - possibilitado pela nova conjuntura lusitana - nesse período de indefinições políticas, tanto no Brasil, nas Províncias Unidas do Rio da Prata, como na Cisplatina. Neste contexto de grandes questionamentos e instabilidade, marcado pela variedade e fluidez de relações, de projetos políticos, e também de transformação de alguns conceitos-chave, a imprensa periódica se constituía como o principal instrumento de discussão e circulação de ideias, tornando-se uma ferramenta fundamental para fazer e debater a política local e internacional. Outra característica dos periódicos da época era, no processo de construção de uma identidade local, Oriental, diferenciar estes dos invasores brasileiros e dos vizinhos portenhos. Os distintos jornais apropriavam-se e discutiam conceitos fundamentais como pátria, nação e opinião pública, forma de defesa de seus projetos políticos. Focalizando-se nos usos de alguns destes conceitos-chave, recorrentes nos debates, o trabalho analisa as peculiaridades de um discurso que criou uma imagem forte o suficiente para fornecer elementos distintivos para a criação em 1828 da República Oriental do Uruguai. 

ISBN: 978-85-5696-303-1

Nº de pág.: 319

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