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Arte de capa: “Otacília”, por Arlindo Daibert

Homens do Sertão: identidades culturais em Buriti de João Guimarães Rosa

Sarah Maria Forte Diogo

As motivações que levam um pesquisador a escolher este ou aquele texto para sobre ele se debruçar são inúmeras. Minha escolha recaiu sobre “Buriti” em função desta novela reconstituir, mediante a linguagem, o sertão brasileiro, plasmando em personagens como nhô Gualberto Gaspar, Glorinha, Zequiel e Iô Liodoro a vida sertaneja, do Brasil de dentro. As outras narrativas de Corpo de Baile também fazem isso, mas “Buriti” me chamou a atenção por representar aspectos culturais por meio de um foco narrativo repartido entre as personagens, com um narrador que delas se aproxima, dando-lhes as rédeas da narração. Outro fator decisivo para a escolha de “Buriti” é o destacado apelo noturno e sensorial a que esta novela procede: é à noite que os fatos mais relevantes da narrativa ocorrem. Esse aspecto, ligado a uma arquitetura textual polifônica e às referências culturais de nosso país, que encorpam a narrativa, suscitaram várias indagações. Por que a presença recorrente da noite? Por que a existência de uma personagem com uma alta capacidade sensorial, o Chefe Zequiel? Por que a fazenda era um lugar tão parado, quase um reino de conto de fadas? Todas essas questões mais a forma em que “Buriti” é versado, o caráter erótico que ressoa em seu enredo e a caracterização de certas personagens, como Iô Liodoro, direcionaram nosso interesse para essa estória. As dúvidas eram mais intensas que as conclusões e definições. Sentia desejo de escrever sobre essa novela, compreender o Buriti Bom e seus habitantes, por isso escolhi esta obra para me acompanhar durante a pós-graduação. 

ISBN: 978-85-5696-160-0

Nº de pág.: 167

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