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Fotografia de capa: Marcus Møller Bitsch

Entre o ser e o não-ser

Lúcio Marques; Maurício Reis (Orgs.)

A cena da experiência de vida e pensamento contemporânea é, apesar de presente, inesperada. Há um caráter de inadequação entre os indivíduos e seu tempo, nele reside a exigência maior de um esforço para se compreender as experiências de vida e do mundo potencializados pelas novas tecnologias da informação. No interior dessa cena, no fluxo dos processos que lhe antecedem e lhe atravessam, cujos limites não estão claros, põem-se todas as pretensões discursivas e descritivas em questão. Além do complexo e incompreendido teor multifacetado da esfera pública largamente explorado pela mídia. Nessa condição, o esforço hermenêutico de fazer vir à luz não apenas aquilo que nos aparece enquanto óbvio e evidente, mas também aquilo que determina suas obviedade e evidência, torna-se tarefa fundamental ainda que posta em risco, exatamente, em virtude de se encontrar no interior de todas essas condições. Vale dizer, a produção da verdade e seus processos de subjetivação, por mais evidentes que pareçam, talvez não comportem nenhuma obviedade. Apesar disso, arriscamos. Tal risco é o mesmo que sempre configura o trabalho do intelectual, a saber, ao propor diagnósticos de seu respectivo tempo, testar sua metodologia com a iminente possibilidade de fracassar. Ainda assim, não lhe resta alternativa. Enfrentar com as teoria e metodologia produzidas pela mediação entre tradição e contemporaneidade aquilo que se põe no aqui e agora, como novidade a ser pensada em sua gênese e factualidade implica, pois, a proposição quase constelatória dos fenômenos. Em alguma medida, é o que configura, entre outras coisas, a Série Inconfidentia Philosophica, especialmente em seu primeiro volume: a proposição multifacetada de textos de intelectuais que, em suas respectivas orientações, lançam luzes sobre os mais diversos problemas e, dessa maneira, viabilizam o trabalho com o que lhe é, necessariamente, contemporâneo. É nesse ínterim que se insere tal trabalho e sua pretensão de oferecer um diagnóstico acerca do espaço e tempo circundantes. Nesse sentido, enfrenta-se aquilo que, nos termos hegelianos, configura a tarefa da filosofia: a elevação do presente ao nível do conceito. Esse enfrentar mapeia, antes de qualquer coisa, a experiência contemporânea e fornece-lhe uma descrição mínima a fim de que se proceda, então, à interpretação e crítica. Por isso mesmo, em caráter introdutório, procedemos à informação breve sobre o inadequado e inesperado cenário atual.

ISBN: 978-85-5696-092-4

Nº de pág.: 382

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